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Virose Empresarial

 

Existe uma infinidade de erros que o empresário pode cometer, porém, alguns erros ele não pode ter o luxo de deixar ocorrer dentro de sua empresa.

 

É certo que, ser empresário hoje no Brasil demanda coragem e muita força de vontade em virtude da pesada carga tributária que temos que carregar. Entre os países emergentes, nos assumimos a maior carga tributária, isto é, pagamos mais impostos para comprar e para vender o que quer que seja. Produtos exportados chegam em solo nacional com o dobro do preço que valem em seus países de origem. Só a decisão de se tornar empresário no Brasil deve ser vista como ousada e corajosa.

 

Apesar de toda esta tributação, existem alguns poucos que prosperam, porém, a grande maioria não passa de seu primeiro ano de atuação. Isto não ocorre somente em função de uma pesada carga tributária, mas se dá pelo fato do que chamo de “Virose Empresarial”. Esta pseudo-doença acontece quando o empresário deixa de pesquisar e compreender o comportamento do mercado.

 

Muitos negócios iniciam com uma excelente ideia e um produto ou serviço a ser comercializado. Nossa cultura empresarial não nos guia para pesquisas de mercado, ou precificação de produto ou serviço, nem sequer procuramos saber o que faz um contador, vamos pelo impulso e, apenas abrimos nosso negócio.

 

Profissionais das áreas de Administração, Contabilidade, Recursos Humanos, Publicidade, entre outros, passam anos a fio de suas vidas universitárias estudando especificamente uma destas áreas, as quais existem porque são essenciais para a saúde da empresa. Ocorre que, quando o empresário decide que entende de vendas e adota um produto para abrir seu negócio, se ele não contar com a ajuda de profissionais das outras áreas citadas, seu negócio fecha antes de completar seu primeiro aniversário.

 

Afinal, como vender se não sei quanto custa para produzir? Como vender se não sei qual preço seria competitivo no mercado atual? Como vender se não sei me localizar dentro de meu segmento de mercado? Como vou passar a nota fiscal e quais impostos vou ter que recolher se não tenho auxílio de um contador? Como e quando contratar se não sei administrar? Os problemas com o pessoal devem ser resolvidos de que forma, com vistas a evitar processos trabalhistas futuros? Se ninguém vem comprar, como faço para divulgar meu produto aonde meu consumidor está? Todas estas perguntas, se não respondidas por profissionais sérios e competentes, vão guiar a empresa para a falência.

 

A Virose Empresarial é a doença em que o empresário acredita não precisar das informações citadas, toma decisões sem sequer fazer uma pesquisa em fontes confiáveis e, paga por suas atitudes com o prejuízo de fechar um negócio que poderia ser extremamente promissor.

 

É claro que, não iria apontar uma doença empresarial séria como esta sem indicar o remédio e tratamento para este caso. Como toda a epidemia, a virose empresarial pode ser tratada e ter seu quadro revertido para uma saudável projeção de crescimento e explosão. Para que isso aconteça, o empresário precisa se sensibilizar que as diversas áreas dentro da empresa existem porque são realmente necessárias. Se descuidarmos do pessoal que vende, o dinheiro deixa de entrar. Se descuidarmos dos impostos, as multas e novas taxas podem sobrecarregar o financeiro da empresa. Se descuidarmos da administração, não teremos noção do que ocorre com nossas metas e resultados para adequar nossa visão e missão.

 

É certo que não existe uma receita de bolo, pois cada empresa tem suas particularidades e problemas específicos que não podemos prever, somente adaptar.

 

Para uma empresa que apresenta problemas em sua administração, o responsável, administrador ou diretor administrativo, deve ser chamado para informar os problemas identificados. Isto porque existem aqueles problemas que não poderão ser identificados de imediato pela falta de acompanhamento e indicativos que mostrem dados contundentes, possibilitando gerar um diagnóstico preciso de cada problema. Quando identificamos, por exemplo, que as metas estão abaixo do esperado pelo terceiro mês consecutivo, era de se esperar que no primeiro mês abaixo da meta, o administrador reunisse a equipe responsável pelas vendas e procurasse compreender o cenário que os levou ao resultado medíocre. Tendo feito isto o administrador poderia utilizar diversas ferramentas ao seu alcance, poderia ter mudado a estratégia, criado uma campanha interna de incentivo ou, até mesmo, orientado uma campanha externa de publicidade para auxiliar na resolução do problema. Caso nenhuma destas atitudes construísse uma solução plausível, o administrador poderia considerar os fatores externos, como economia, mercado, concorrentes, etc. Como vimos, o administrador precisa gerar indicativos e acompanhá-los dia a dia, acertando a estratégia e adaptando-se as necessidades do mercado consumidor.

 

Para uma empresa que apresenta problemas em sua área financeira, o responsável financeiro deve ter sempre um registro de acompanhamento das entradas, saídas, taxas e impostos, custos e variações, etc. Suponhamos que algum destes indicativos esteja inconsistente. Isto irá gerar um problema sério nas contas da empresa que pode se agravar rapidamente se não identificado e tratado em tempo. Costuma-se ter estes controles e indicativos em sistemas seguros de computador. Alguns gerentes financeiros, costumam ter aplicativos de controle em seus smartphones, de forma que, qualquer mínima discrepância de dados ele seja alertado imediatamente, tendo tempo hábil para corrigir o problema. Esta área da empresa não pode ter erros e, os que porventura ocorrerem, devem ser reparados imediatamente.

 

Para uma empresa que apresenta problemas de pessoal, o responsável pela área de Recursos Humanos deve estar atendo para o famoso feedback. O feedback é nada mais nada menos do que emprestar seus ouvidos para o funcionário ou colaborador falar o que verdadeiramente acontece dentro da empresa. Acreditem ou não, os diretores, administradores e gerentes, muitas vezes não fazem ideia do que acontece na base de sustentabilidade da organização. A chamada “rádio peão” ou boatos de corredor costumam ser indicativos do que está ocorrendo e que pode gerar impacto na condução dos objetivos da empresa. Agora, não é qualquer ferramenta de feedback que pode ser aplicada, pois muitas delas são ineficazes e podem acabar sendo um tiro no pé. Somente ouvir os problemas que o funcionário relata não basta. Se você não oferecer solução e, nenhuma medida ou atitude for tomada neste sentido, a credibilidade interna da empresa cai completamente, fazendo com que a produtividade e a motivação vão para o espaço. O funcionário costuma ter receio de falar a verdade, pois muitas empresas demitem quem fala o que eles não gostam de ouvir. O responsável pelo RH deve ser imparcial neste sentido. O objetivo aqui é gerar dados verdadeiros que possam apontar possíveis impactos dentro da empresa, bem como, orientar soluções eficazes para resolver estes problemas apresentados. A coleta de dados e o tratamento dos mesmos em função do feedback devem ser gerenciados por psicólogos ou profissionais especialistas na área comportamental. Por fim, para que a direção da empresa se sensibilize, uma projeção de impacto futuro deve ser elaborada de forma que o administrador saiba enfaticamente, quais os prejuízos que o esperam se uma atitude não for tomada.

 

Como retratamos, cada profissional tem seu entendimento e sua área de atuação e, para que a virose empresarial não pegue sua empresa desprevenida é necessário abrir sua mente para um universo de competências ainda inexplorado.

 

Outro sintoma característico da virose empresarial é o medo de errar. Esquecemos que os erros são os únicos que vão nos ensinar, pois ninguém aprende com os acertos. Se você erra, certamente vai trabalhar para que aquele erro não aconteça mais. Imagine que você pega um carro de fórmula 1 super potente e, nunca houve uma batida de carro antes. Naturalmente você não vai ter medo de bater o carro, pois isso nunca ocorreu antes na história. Desta forma você vai acelerar ao máximo e, quando a curva chegar você perdeu a única chance que tinha. Isto ocorre nas empresas cujos donos não se preparam e nem estudam o mercado. Saber de estratégias que falharam em seu segmento vai poupá-lo de muito tempo e dinheiro perdido. Conhecer quem é seu público alvo vai poupá-lo  esforço em vão tentando vender produto ou serviço para quem não precisa dele. Precisamos entender que o erro é necessário, estúpido é não analisá-lo para evitá-lo no futuro. Uma frase que ilustra muito bem o que estamos dizendo é: “O inteligente aprende com seus erros, o sábio aprende com o erro dos outros.”.

 

Tantos erros já foram cometidos em seu segmento de mercado, porque não aprender com estes erros? Na verdade nunca precisamos começar do zero, pois alguém já fez isso por nós. Hoje a informação está tão disponível para nós que se estivermos presos dentro de um elevador por duas horas com um celular com acesso a Internet, podemos escolher entre ver um filme completo, palestras e cursos em sua área de atuação, ou simplesmente chamar os bombeiros e diminuir este tempo.

 

Quando somos crianças, cometer erros não é um problema pra gente, pois estamos em processo de aprendizado e o erro faz parte disso. Porém, quando iniciamos nosso negócio, acreditamos que já sabemos tudo o que se há pra saber sobre aquilo e acabamos por não buscar informações. Quando o erro chega ele nos devasta, pois não esperávamos por ele. Devemos urgentemente entender que o erro faz parte do crescimento e, que, quando iniciamos um negócio, somos como crianças neste negócio. Precisaremos aprender muito, errar muito. A construção do entendimento se faz através da tentativa, erro, análise e crescimento.

 

Precisamos deixar alguns princípios culturais nocivos fora do nosso negócio. Nós deixamos de colocar nossas idéias no papel. Pra que serve uma meta ou objetivo se ele não for destrinchado em etapas? Não se alcança um objetivo sem metas intermediárias. Veja por exemplo, quando você precisa viajar. A viagem é o seu objetivo, mas existem questões que precisam ser vistas antes de pegar a estrada. Se for de carro, precisa fazer uma manutenção preventiva para não ficar no meio do caminho, saber se vai ter combustível suficiente, se vai precisar fazer alguma parada, etc. Tudo isso que acabei de falar são as metas que vão fazer possível alcançar seu objetivo. Ter isso só em sua mente não basta, tem que colocar no papel e determinar prazos para o cumprimento de cada etapa.

 

Atuando de forma correta, conseguiremos modificar nossa cultura empresarial e moldar a realidade de nosso País.  

 

Que Deus nos abençoe e nos guarde. 

 

Fonte da Imagem: http://pontuandoanoticia.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html

 

Autor: Gleysson Salles

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